quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Roer

De acordo com certas situações que estou passando (Belita rói de tudo e Marley parece ainda gostar de "afiar" os dentinhos), achei interessante postar algumas idéias aqui.

Primeiramente: por que o cão rói?



Aos 45 dias de idade (a idade mínima pra sair de perto da mãe, apesar de eu ser totalmente a favor do filhote ficar até os três meses com ela - que é quando o filhote entra na fase da socialização, assunto pra um post futuro) o filhote quase não tem dentes. Os primeiros já estão bem "à mostra", indicando o desmame. Mas os dentes terminam de nascer lá pelos 60 dias (quando os dentinhos dos fundos surgem). Todo esse ciclo de dentinhos de leite nascendo e machucando a gengiva instigam o filhote a roer, ou seja, ninguém escapa dessa fase. Então, aos 60 dias o filhote entra na fase de "descobrir do que as coisas são feitas"; é quando ele começa a comer cocô, rasgar jornal, roubar aquele enfeite na prateleira debaixo da estante... Até ai, ele se conteve em roer os pés do sofá, da mesa, da cama, destruir possíveis peças de roupas. O filhote então começa a se concentrar mais (não esquecendo que o nível de concentração varia de cão pra cão), prestar mais atenção nas coisas, cheirar, latir, testar os donos, fazer xixi fora no lugar, etc.
Não demora pro filhotinho lindo ser visto como um monstro destruidor de lares. Mas até ai, o filhote ainda não tem tamanho pra ser tão destrutivo. Cães de raças grandes, aos dois meses, são enormes, sendo exceção à regra, Belita mesmo tá medindo 30cm da cernelha, sendo mestiça de border collie (imagino que vá ficar maior).
Então o filhote, aos quatro meses, começa trocar os dentes, o que irrita e machuca a gengiva muito mais. São os dentes permanentes, maiores, bem maiores. Ai ele desiste do pé da mesa, das pequenas peças de roupas, do rodapé dos móveis e passa a morder tudo o que der na telha, até o próprio rabo. E a troca permanece, até os seis meses, mais ou menos.
Quando se pensa que o cão está mais calmo e que não pode ficar pior, o cão se mostra incansável e começa a latir, correr, tudo isso num apartamento minúsculo. Aos sete meses termina o ciclo de vacinação, e o cão, inquieto, ainda rói as coisas, inclusive as patas, o rabo, a mão do dono, o pé descalço, o chinelo de couro novinho do chefe de família, ou o vestido que foi deixado na cama pra ser colocado 10min depois.
Não satisfeito, irritado, estressado e completamente decepcionado com aquele fofinho de 45 dias que foi pra casa, o dono decide que é hora do cão fazer exercício pra queimar toda essa energia! Pois bem, o dono compra uma coleira, das melhores: confortável, bonita, prática, longa, firme, cara, etc. Quando coloca o seu "pequeno grande filhote" no chão, o cão entra em pânico: grita, esperneia, late, chora, se debate... Ou, nos casos mais amenos, congela, empaca, treme, às vezes geme e não sai do lugar. Alguns cães podem se urinar. Também existe um terceiro caso: os cães curiosos e dispostos a fazer o social! Se emocionam e saem puxando o dono sem nem sequer dar bola, esquecendo-se que ele que está sendo levado pra passear pelo dono e não o contrário. É claro, que dependendo do tamanho, ambas situações não fazem diferença (exceto o fiasco, que é um mico só e todo mundo olha pro dono como se este fosse um monstro, machucando o pobre filhote!).
Enfim, o dono desiste, decide tentar outro dia quando estiver mais calmo, paciente e o cão continua a destruir tudo, ficar inquieto, correr pelo apartamento minúsculo, latir terrivelmente ou outras coisas piores como, por exemplo, fazer xixi em cima das camas, destruir cortinas ou qualquer coisa que fique ao seu alcance, incluindo jornal e enfeites aleatórios. Como tudo é proporcional, nem todo cão vai ser tão agitado, tão destrutivo, tão barulhento, tão inquieto, tão ativo, tão incansável. Mas Marley é um desafio pra mim até hoje, e ele tem apenas 38cm da cernelha. Continua roendo coisas, mesmo tendo espaço pra correr e outros cachorros pra brincar.

Os motivos podem ser vários. Geralmente se baseiam em nascimento, crescimento, queda e crescimento (duas vezes: de leite e permanentes) dos dentes, muita energia, tédio, falta de exercício, etc.

Cães ativos como labrador, border collie, pastor de shetland, podem se tornar um grande problema dentro de um apartamento, ou mesmo em uma casa onde o dia-a-dia é sempre o mesmo, onde não há exercício diferente, corridas, caminhadas, passeios longos, passeios curtos várias vezes ao dia, atenção, brincadeiras novas e diferentes, enfim.

O segredo é dar uma qualidade de vida adequada ao cão, ter uma raça que se enquadre no seu pique e ter paciência, porque todo o cão passa pela fase destrutiva. Como foi dito, tudo é proporcional. É claro que um teckel não vai destruir metade do que um labrador destruiria.

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