quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Cão Guia

Não é qualquer cão que tem capacidade pra ser cão guia. A seleção é bem rigorosa e leva anos. Quando o animal envelhece, é doado para ter um final de vida digno.
É um animal que trabalha a vida toda, em troca de nada. É, nada. Ele não recebe nada em troca, não recebe petiscos, festas, nada disso. Por quê? Ele não pode se desconcentrar.
É proibido inclusive dar carinho em um cão guia enquanto ele está sendo treinado e/ou trabalhando.

A preferência por um certo tipo de raça varia dependendo da localidade/país. Mas em geral, os mais usados são:
Pastor Alemão;
Golden Retriever;
Labrador.
E ultimamente tem-se experimentado cruzar Labrador com Poodles gigantes. O Labradoodle herda a personalidade do labrador e o pêlo do poodle, que é antialérgico, possibilitando que cegos com rinite, asma, etc, usufruam de um companheiro guia.
Na Nova Zelândia, usa-se muitos vira-latas.



O que se procura num cão guia?
- Temperamento dócil e equilibrado;
- Facilidade de adaptação a novas situações;
- Tamanho;
- Tipo de pelagem;
- Inteligência;
- Facilidade em aprender.

Treinamento:
Após o nascimento, os filhotes são observados até a 8ª semana de vida (56 dias) para verificação de saúde, temperamento, nível de dominância.
Os aprovados passam por um período de socialização e convivência com humanos que dura 1 ano. Enquanto estiver no lar temporário deverá ser exposto ao maior número de situações diferentes possíveis, saindo para passear todos os dias, a pé, de carro, para diferentes lugares, por diferentes distâncias e tempos variados, passar por locais tranquilos e movimentados, tendo bastante contato com muitas pessoas, entrando em lojas e restaurantes, fazendo viagens com a família, participando de todos os acontecimentos familiares e vivendo dentro de casa.
Nessa fase também deve-se ser feito o adestramento básico, onde o cão aprende: senta, deita, fica, parar pra descer/subir escadas, parar pra atravessar as ruas, o junto (andar ao lado esquerdo e um pouco à frente), saber se comportar educada e tranquilamente em todos os lugares, como também nos táxis, ônibus, metrôs, etc.



Então, ele volta para a escola, onde será treinado por mais 7 meses, em média. Os cães que não se qualificarem serão doados para pessoas com dificuldades locomotoras, para serem farejadores, companhia, etc.
Nos 3 primeiros meses, o adestrador profissional técnico para a função, vai verificar o aprendizado que o cão obteve no tempo que passou com a família adotiva, fazendo as devidas correções e aperfeiçoamento do treinamento básico.
O adestrador reforçará e aperfeiçoará a condução do cão em linha reta e posicionado à sua esquerda, fazer o fica a qualquer momento, parar e sentar para atravessar ruas, desviar de obstáculos elementares (buracos no chão, poças d'água, latões, sacos de lixo, etc) e aproveitar toda e qualquer situação que surja durante os treinos. Assim que o cão se adapta, é introduzido o peitoral específico de guia.

Dependendo da performance do cão começa a adaptação ao peitoral. Ele deve se acostumar com o equipamento e também ter mais atenção e concentração fazendo os exercícios num trajeto mais complicado, diversificando mais situações e reforçando a sua atenção aos obstáculos, desviando sem esbarrar e dando espaço para ambos (cão e treinador) passarem.

Os cães que passarem, irão conhecer seu futuro dono cego. O cão será escolhido de acordo com a vida do cego, para atribuir a cada um o cão mais adequado.
O mais importante durante esse processo, é a boa condução do cão, levando-se em conta o temperamento do animal e não exigindo mais do que ele foi preparado para pôr em prática. Até as repreensões devem ser cuidadas, já que dependendo de como for feita pode deixar o cão medroso e/ou inseguro/sem iniciativa.

O processo de integração com o dono dura 3 semanas. O dono irá receber todas as orientações necessárias de como cuidar e manter o cão e, principalmente, como "usá-lo" como cão-guia.

Os cães-guia são entregues castrados (tanto fêmeas quanto machos). Esta medida tem como objetivo evitar os problemas decorrentes da maturidade sexual dos cães, que ocorre normalmente entre os 12 e 18 meses.

Cuidados Especiais:
- Os cães guia de cego não devem ser tocados por pessoas estranhas durante o seu horário de trabalho;
- Não distraia ou tente brincar com ele enquanto ele estiver trabalhando. O seu dia-a-dia é bastante estressante e deve ser respeitado.

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